sábado, 13 de março de 2010

O que me incomodou esta semana

             Esta semana que passou, fomos invadidos pela noticia de uma criança de 11/ 12 anos que se suicidou após ter sido, continuadamente, vitima de bullying na escola que frequentava. Não tenho qualquer tipo de pretensão de apontar dedo, de forma a responsabilizar, seja quem for. 
             O bullying, como lhe chamam, é uma prática continuada de violência física e psicológica, exercida pelo bully, ou melhor o rufia, sobre os seus colegas mais franzinos, com pouca capacidade ou mesmo nenhuma de se defenderem. 
            É um tema que nos tem vindo a preocupar, mesmo a nível europeu, e que felizmente não é prática recorrente em Portugal, em que o número se afasta da média europeia. É o primeiro caso em que uma criança se suicida, ou que se tenha conhecimento de tal, mas outros casos houveram, também dignos de noticia, como o de uma rapariga que chegou a ser hospitalizada por tais actos.
          Assusta pensar que as nossas crianças estão envolvidas no bullying, todos, sem excepção estão de algum modo envolvidos, haverá os que são agressores, os agredidos, e os que têm conhecimento e se calam (muitas vezes por não querem transformar-se em agredidos). O bullying é alimentado pelo medo, pelo silêncio, pela passividade.
          A minha sociologia de bolso, questiona todos os aspectos do acto, vejamos:
  • A que tipo de família pertencia o rapaz? Teve conhecimento do que se passava com o filho? O que fez para que tal situação finda-se? A realidade é que por vezes adultos são negligentes com as ditas "brincadeiras" de crianças, pensando que as mesmas as fortalecerão para situações futuras numa fase posterior da sua vida adulta. A predisposição que as pessoas têm para os seus filhos nem sempre é a mais propensa a diálogos quotidianos, e também acontece muitas vezes a tal subvalorização do assunto, "Tenho coisas mais importantes em que pensar".
  • No que toca a escola; teve conhecimento? O que fez para colmatar situações como esta? Decretou alguma politica de vigilância ? Os seus funcionários alguma credibilidade lhe deram? "São só crianças"
  • Coleguinhas de escola: Que tipo de educação têm? Ver um colega agredido diáriamente, e não dizer nada!!! "Antes ele que eu".
  • Agressores, e mais importante do que são hoje, o que vão ser daqui a 10 anos? Pessoas sem escrúpulos (já há gente que chegue desse tipo). 
          A "saúde mental" da continuidade da nossa sociedade fica comprometida, parece-me. O que será antes o reflexo do que somos? É de pensar se é causa ou consequência da nossa responsabilidade, ou falta dela. Porque "nosso" é sempre, não podemos só nos orgulharmos dos nossos, entristecermonos pelos nossos, tem compaixão por eles, temos que nos afirmar por eles, defende-los quando a coisa corre mal.
          O bullying alimenta-se do silêncio, da desunião, do desinteresse, da teoria do "deixa andar". A culpa é nossa.

            


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