Todos, ou melhor, quase todos tivemos um animal de estimação durante a nossa infância, e também a grande maioria de nós os recorda com especial carinho. Pessoalmente desde que me conheço como gente tive um amigo de quatro patas (nunca fui muito adepta dos entediantes peixes), dei-lhes dos mais foleiros nomes (que não vou revelar, para manter o nível típico de conversa ligeira e não brejeira), e vivi com eles como se de pessoas se tratassem, nunca lhes faltando as idas ao veterinário, as comidinhas especiais, passeios diários, etc. Em parte este meu modo vem da educação que a minha mãe me incutiu.
A minha mãe tem um dom especial para animais, ela fala com eles (não no sentido literal da palavra mas quase), ela chama por eles e eles vêem, seja que animal for (mesmo no zoo, á excepção dos leões e outros felinos mais selvagens que ela nem se atreve a chamar, como é obvio). Quando vejo a minha mãe a falar com o gato dela, é quase assustador, pois quando a ela faz pausas no seu discurso quotidiano para o gato, ele mia como se estivesse a responder.
Acima de tudo o nosso amor por animais, para além dos cuidados, e do afecto, é libertador, é saber largar quando já não há capacidade para que o bicho se sinta feliz connosco. Nunca abandonámos um animal, tivemos de arranjar outros donos para eles quando por motivo forte se impusera. Lembro-me que tivemos uma cadela que apanhamos da rua que era cega, que durante um ano tratámos e quando demos por ela andava com os horários trocados por não ver, só estava acordada ou mais activa quando chegávamos a casa cansados e sem muita disposição para ela. Acabámos por dá-la a uma amiga que trabalhava por turnos, e até morrer foi um bicho muito feliz.
Espanta-me como há pessoas que mantêm bichos fechados em varandas, ou mesmo em casa sem condições, sem alimentação apropriada, ou mesmo que deixem os filhos lhes batam já quando não são os pais a faze-lo.
Só pessoas insensíveis é que pensam que animais de estimação são animais. Um animal de estimação, mexe com a nossa rotina, atura o nosso mau humor, perdoa as nossas negligencias mesmo sem ouvir um desculpa, vive connosco e para nós, agradecidos do mais ínfimo gesto de carinho que lhe dermos.
Não estou em campanha pelos animais, nem a ensaiar uma ode, estou a recordar os meus amigos de quatro patas
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