terça-feira, 25 de maio de 2010

O Dia de uma "Tia Funcionária Pública"

            São constantes as queixas dos utentes de repartições públicas, sejam elas as mal fadadas finanças, segurança social, entre outras; serviços públicos na sua maneira geral. Os utentes não são conhecedores dos direitos que lhe advêm, fazem uma pequena ideia, mas também não se estão para chatear; porque bom é reclamar numa mesa de café com os amigos.

           E os funcionários públicos o que têm a dizer dos utentes? A seguinte rabula é dedicada ao funcionário público, uma imagem social invejada pelo restante colectivo social, eles são horários fantásticos, ordenado que cai a dia certo do mês, regalias, uma mina de benefícios... Parabéns para eles!!!

        "O meu nome é Xareca, sou funcionária pública, de uma repartição igualmente pública que prefiro não revelar qual a sua natureza, e em que local se encontra. Bem, a bem dizer não tenho necessidade nenhuma de trabalhar, mas com o divorcio parecia mal, dar a entender que vivo da pensão de alimentos que o meu ex marido me dá. O Tio arranjou uma vaga para eu me colocar neste sitio hediondo cheia de gente pobre e transpirada, cheiram mal que horror, cheios de pressa, não há pachorra.
         O meu cartão de presenças deixo-o com a mulher das limpezas, uma coitadinha que vem da província, assim sempre posso dormir mais um pouco de manhã, ou ir ás compras na hora do almoço e fazer-me demorar, e trago qualquer coisinha á coitada, ela com uns chinelos novos fica toda contente. O mau carácter do porteiro é mais difícil de agradar, olhem que por me passar o cartãozeco me queria levar 100 euros por mês. É que esta gente pobre é uma oportunista.
         Bem quando venho trabalhar, trago umas coisinhas básicas para passar o tempo, deixo os meus colegas lidarem com aquela gente rude que faz má cara e que á primeira coisa que não entender gritam e ameaçam logo com queixas... uma canseira. Continuando, eu primeiro trazia umas revistinhas para estar a par do panorama social, depois com os olhares invejosos dos meus colegas passei só a trazer o telemóvel e a bolsinha da manicure (estou a cortar nas despesas, há que fazer sacrifícios pelo país, por causa da crise ou lá o que é).
          Com os serviços todos informatizados agora é uma maravilha, havia alturas em que nem podia pegar no telemóvel para marcar um chá com a Teca e com a Neca, era uma canseira, e depois de atender um role de gente chata sem formação... sim porque eu sou formada em línguas germânicas ou sou formada em literatura, pronto em línguas e não se fala mais nisso... mas onde ia eu... ah ainda havia insinuações de que eu devia fazer umas horitas extraordinárias...
          Horas extraordinárias???? Eu????  Eu lá tenho tempo para horas extraordinárias, eu tenho uma vida muito ocupada e cansativa, há muitos centros comerciais, spa's há minha espera, as minhas amigas para conversar, não sou como aquela gente da repartição que só tem os filhos para tratar."


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