Nós, portugueses temos esta mania de sacralizar coisas!!! Posso dar dos variados exemplos, Saramago antes de ser Nobel era simplesmente chato, depois do Nobel era genial, após a morte é simplesmente um marco histórico da literatura nacional num país de pessoas que não lê (e se assusta ao ver o meu blog, porque tem para se ler)... O cinema português é chato, mas se a Cofidis patrocinar e a Sic promover, já é bom e digno de se ver, e já nada tem de chato, mesmo que as cenas de sexo pareçam intervalos, e lá pelo meio se tenha de gramar com publicidade. A publicidade, ou melhor a promoção de produtos (sim, nem tudo o que é comunicação de produtos ou serviços é publicidade) é prática recorrente nos dias de hoje, já não vejo o 007 com a mesma adoração com que assisti aos primeiros da minha experiência cinéfila, não me vou armar em ingénua ou em falsa pudica me relação ao que é nosso.
Manoel de Oliveira, realizador do "Aniki-Bobo", filme primeiro de um espólio numeroso, não me parece ( segundo a minha humilde opinião, eu, pessoa adoradora de cinema, para quem, supostamente, os realizadores trabalham) corresponder à sua antecipada "beatificação", não aprecio, "mas é um génio". Sacralizado, pelo reconhecimento além fronteiras e trabalhado com nomes "dignificados" da área, para mim em nada me parece espectacular, e não me sinto menos culta, ou mais rural por isso.
Como não queremos pensar, salvo seja, há muitos que se aproveitam de tal. E hoje a minha indignação é a adaptação do conto de Eça de Queiroz, realizada por Manoel de Oliveira que me deixa indignada. Ora 5 minutos do início do filme a ver um revisor a conferir bilhetes de comboio, não é genial, é entediante; transportar modos cordeais de época para os tempos de hoje, assim como caracterização de personagens, e depois ver BMW's e o euro é simplesmente incoerente não é genial.
Se fosse realizadora de cinema, não dotada da reputação do Sr. Oliveira, e tal obra concretizasse, seria simplesmente ridicularizada, e julgada, negativamente pela adaptação surreal do conto, pela fraca edição de imagem, falta de movimento, final abrupto e inconclusivo, a luz medonha do filme.
O trabalho de alguém não responder pelo que é efectivamente, mas pela conotação que tem indigna-me, termos de olhar a quem o façam não é bem a minha praia (como agora está na moda dizer)
O trabalho de alguém não responder pelo que é efectivamente, mas pela conotação que tem indigna-me, termos de olhar a quem o façam não é bem a minha praia (como agora está na moda dizer)
2 comentários:
Eu acho que devias falar com o senhor Manuel de Oliveira e dares a tua opinião, é que acho que o homem precisa de alguém que lhe diga que os seus filmes não são assim tão bons. Eu acho que ninguém lhe diz nada porque têm medo que aconteça alguma coisa á sua saúde... Mas alguém precisa de fazer, e acho que esse alguém devia ser TU!
eu até me dirigia ao senhor,mas ia dizer o quê? "Fofinho andaram a enganar-te" para ele me responder: "Sim eu sei mas têm me pago como se eu fosse mesmo bom"...
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