sexta-feira, 2 de julho de 2010

Idolatrando

            Nós, portugueses temos esta mania de sacralizar coisas!!! Posso dar dos variados exemplos, Saramago antes de ser Nobel era simplesmente chato, depois do Nobel era genial, após a morte é simplesmente um marco histórico da literatura nacional num país de pessoas que não lê (e se assusta ao ver o meu blog, porque tem para se ler)... O cinema português é chato, mas se a Cofidis patrocinar e a Sic promover, já é bom e digno de se ver, e já nada tem de chato, mesmo que as cenas de sexo pareçam intervalos, e lá pelo meio se tenha de gramar com publicidade. A publicidade, ou melhor a promoção de produtos (sim, nem tudo o que é comunicação de produtos ou serviços é publicidade) é prática recorrente nos dias de hoje, já não vejo o 007 com a mesma adoração com que assisti aos primeiros da minha experiência cinéfila, não me vou armar em ingénua ou em falsa pudica me relação ao que é nosso. 

           Manoel de Oliveira, realizador do "Aniki-Bobo", filme primeiro de um espólio numeroso, não me parece ( segundo a minha humilde opinião, eu, pessoa adoradora de cinema, para quem, supostamente, os realizadores trabalham) corresponder à sua antecipada "beatificação", não aprecio, "mas é um génio". Sacralizado, pelo reconhecimento além fronteiras e trabalhado com nomes "dignificados" da área, para mim em nada me parece espectacular, e não me sinto menos culta, ou mais rural por isso.

           Como não queremos pensar, salvo seja, há muitos que se aproveitam de tal. E hoje a minha indignação é a adaptação do conto de Eça de Queiroz, realizada por Manoel de Oliveira que me deixa indignada. Ora 5 minutos do início do filme a ver um revisor a conferir bilhetes de comboio, não é genial, é entediante; transportar modos cordeais de época para os tempos de hoje, assim como caracterização de personagens, e depois ver BMW's e o euro é simplesmente incoerente não é genial. 

           Se fosse realizadora de cinema, não dotada da reputação do Sr. Oliveira, e tal obra concretizasse, seria simplesmente ridicularizada, e julgada, negativamente pela adaptação surreal do conto, pela fraca edição de imagem, falta de movimento, final abrupto e inconclusivo, a luz medonha do filme.
           O trabalho de alguém não responder pelo que é efectivamente, mas pela conotação que tem indigna-me, termos de olhar a quem o façam não é bem a minha praia (como agora está na moda dizer)

2 comentários:

Gigantone disse...

Eu acho que devias falar com o senhor Manuel de Oliveira e dares a tua opinião, é que acho que o homem precisa de alguém que lhe diga que os seus filmes não são assim tão bons. Eu acho que ninguém lhe diz nada porque têm medo que aconteça alguma coisa á sua saúde... Mas alguém precisa de fazer, e acho que esse alguém devia ser TU!

Unknown disse...

eu até me dirigia ao senhor,mas ia dizer o quê? "Fofinho andaram a enganar-te" para ele me responder: "Sim eu sei mas têm me pago como se eu fosse mesmo bom"...