quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O óbvio

      O assunto de hoje era previsível, sei que acabaria por falar disso aqui no blog mais tarde ou mais cedo. O Mário acabou comigo depois de 6 anos de namoro, e como é óbvio sinto-me na merda.

       Depois de um relacionamento de 6 anos é óbvio que o luto da minha relação com ele, se traduz num processo doloroso em termos emocionais que condiciona a minha percepção de mim mesma e da percepção em relacionar-me com outras pessoas.

        O Mário ajudou-me a resolver problemas (mal resolvidos) que tinha acumulado, como um terapeuta, amigo, companheiro e namorado. Ele disse coisas belíssimas, que um homem pode dizer a uma mulher, mas amor é eterno enquanto dura, e ele não me ama mais, não aprecia a minha companhia em contextos da vida dele, simplesmente não há mais espaço na vida dele para mim. Não é algo que o tempo poderá provar, a par da distância física que nos separa, a distância emocional é muito maior.

           Há pouco tempo superei a morte da minha avó, e quando morreu, uma das preocupações dela era se ia acabar a minha vida ao lado dele, ao que respondi que sim, e agora tenho este problema de consciência de ter falhado com o que lhe disse antes de morrer. E como é óbvio eu não posso voltar com a minha palavra atrás, ela morreu na ilusão de que eu tinha encontrado o amor da minha vida.

             Faz pensar que o que se viveu não passou de uma grande treta, já tive relações que acabaram e mesmo assim considerava que tinha sido boas relações mesmo tendo chegado ao fim, mas quando alguém te diz que não importa que não saibas as tuas raízes tu pertences a mim, (como mudei muitas vezes de cidades faz-me um pouco de confusão não ter esse sentimento de pertença, por isso para mim tinha sentido, e não considerava um cliché).

             Apesar de nunca me ter desligado o telefone, e me ter ouvido sempre, há algo de prepotente e superior na maneira como ele fala comigo, como é óbvio quando um namoro acaba, há sempre um que fica melhor que outro. E a superioridade dele é visível em fotos com gajas, com uma cara que até agora só se retratava comigo.

          Lidar com tudo isto é duro, além da parte emocional, é tudo o que tenho me recordar momentos da nossa relação, o Mário chegou mesmo a comprar-me o perfume que queria desde os meus 14 anos, as paredes do meu quarto foi ele quem pintou, ...

          Eu vou ficar para recordação, quando na verdade faço parte da vida dele, tem de se lembrar se pensa da maneira que pensa hoje em parte fui quem contribuiu para que tal acontecesse... e para ser recordação eu prefiro não ser nada, é como se tivéssemos morrido um para o outro, nunca mais nos vamos ver, como já referi não é que o tempo ajude a unir-nos, o tempo só nos vai fazer mais distantes, ainda mais distantes, e para isso eu preferia nunca o ter conhecido. Se isso faz de mim uma cabra insensível, acho que estamos bem um para o outro, já que para mim ele não passa de um cabrão egoísta que só pensa nele. 

            Depois de 6 anos ouvir qualquer coisa similar a "A magia acabou" é fazer de toda uma relação de fútil e oca.

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